quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Reunião

Este ano tentei usar a mesma desculpa do ano passado:
- Não posso ir, tenho aula na faculdade.
Mas dessa vez houve a réplica que eu não esperava:
- Nós vamos marcar então para um dia em que você possa ir.
Aí não teve como escapar, né? E aos poucos fui aceitando a idéia de ter que ir à reunião de condomínio aqui do meu prédio, mas continuei odiando-a com a mesma intensidade.
Afinal de contas, o que há a se discutir? São só quatro os apartamentos; não temos elevador, e quase não temos área comum; não há empregados do condomínio; alguém já paga a conta de eletricidade relativa à iluminação e caleifação dos corredores e escadas, e cobra dos outros sua justa parte. Eu já queria dar um cheque e acabar com isso, sem ter que fazer social, sorrir, ou fazer de conta que sou simpático.
Mas daí fui lá descobrir. Obviamente que o vizinho tinha me falado o horário errado, e eu sou o primeiro a chegar na casa dele, com meia hora de antecedência. É importante ressaltar que nunca cruzo com nenhuma dessas pessoas, então nem a cara deles eu conhecia quase. E daí começa aquele papinho de elevador: o que você acha da área, o que você faz da vida... Dois minutos depois o silêncio desagradável motiva o meu anfitrião a ir buscar os outros vizinhos, e eu respiro aliviado.
A única emoção em pauta foi que eles queriam pintar as paredes das escadas. Com um custo previsto de $1200. Eu quase engasguei no meu copo d'água, e o vizinho que veio com a idéia já veio se explicando: a pintura atual está feia, é de baixa qualidade; mão-de-obra e material ficariam em $600 cada. Ainda não consegui desengasgar.
Trezentas pilas para cada um para trocar o branco das escadas por outro branco mais chique? Tive que me posicionar, e foi o único momento em que falei, então as pessoas me ouviram: eu acho muito caro, e prefiro esperar um pouco para fazermos esse investimento! De onde essas pessoas acham que eu posso tirar tanta grana pra tal inutilidade? Ficou combinado então que na primavera nós voltaríamos a nos falar. Preciso achar outra desculpa até lá, ou então vender o meu apartamento.
No final das contas não foi tão ruim assim, as pessoas se esforçavam até mais do que eu para serem simpáticas, fiquei até impressionado. E na hora de ir embora, um outro cara estava mais ansioso do que eu para sair de lá, e já estava abrindo na porta e mandando um 'bonne soirée' pra todo mundo antes mesmo de eu poder cumprimentar o anfitrião.
Até ano que vem, pensei baixo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Canal

Por um curto tempo, tive uma bicicleta neste verão. Que não durou muito mais que um mês: estacionada na frente da casa da Nadia enquanto jantávamos uma noite, alguém quebrou o cadeado e levou ela embora. Todos me apareceram com uma história de roubo de alguma magrela, e passei a acreditar que Montréal é a meca dos ladrões biciclísticos. Lição aprendida, cuidados serão redobrados da próxima vez, mas resolvi não comprar uma outra até o verão que vem, pois os tempos não estão para tantos luxos, nem são os verões longos o suficiente.
Durante as poucas semanas que pedalei até o trabalho, de segunda à sexta, sob qualquer interpérie que o tempo nos trazia, já me apaixonei por esse modo de transporte. Montréal é plana como uma panqueca, com ciclovias para todos os lados, e motoristas até que bem educados. Para completar, estou a dois minutos do Canal Lachine, cuja ciclovia que me leva até o centro, sob árvores, ao lado da água, sem nem ter que passar por ruas, semáforos, ou dividir espaço com carros.
Estas são algumas fotos do meu caminho matinal, ao longo do Canal. Ou no Picasa.