segunda-feira, 31 de março de 2008

Agente

A direção das empresas deve agir no melhor benefício dos seus acionistas, tendo como um dos seus objetivos o aumento do valor das ações. Mas em grandes corporações, como a posse das empresas é dividida em um número muito grande de acionistas, é possível argumentar que quem controla a firma não são os seus donos, mas sim os seus gerentes. Como fazer então para saber se as decisões tomadas estão bem alinhadas com os interesses dos acionistas?
Esta mesma relação conflituosa é largamente analisada em estudos de finanças corporativas, e aparece sempre que alguém (denominado o principal, na literatura) contrata alguém (o agente) para representar os seus interesses. O exemplo clássico é o vendedor de automóveis que ganha uma comissão com a venda de um carro: se a comissão é fixa, o que o impede de abaixar o preço para garantir uma venda mais rápida? Neste caso, o problema é resolvido, ou pelo menos diminuído, se a comissão for um percentual do valor final.
No meu caso, procurando apartamentos para comprar, a situação é inversa: o agente imobiliário contratado por mim para intermediar a compra do meu futuro apartamento ganha uma porcentagem fixa que já está embutida no valor do imóvel. Quanto mais eu gastar, mais ele ganha.
E daí isso gera a crise de confiança que mexe com a minha cabeça: será que os apartamentos baratos de que eu gosto são realmente tão problemáticos como se faz pensar? Ou que os caros são tão bons que se deve comprá-los rapidamente antes que alguém o faça antes? Ou por quê as recomendações que eu recebo estão sempre perto do limite que ele sabe que eu posso pagar? É possível confiar em alguém que eu contrato para me ajudar?
A confusão mental extrapola rapidamente para vários campos. Com interesses, escondidos ou óbvios, de todo mundo por todos os lados, é possível confiar em alguém que não a gente?

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